terça-feira, novembro 28, 2006

2003

Havidas

reconhecer o fim das coisas havidas,
voltar o rosto às cortinas que caem
sobre o presente,
já passado,

abraçar o vazio deixado,
aceitar o futuro ainda não,
esquecer o rasgar das emoções,
os fugazes relâmpagos da memória,

não falar,

não falar,

deixar a cor inundar os olhos fechados
à beira dos mares invisíveis dos
nossos sonhos,
ignorar o apelo,
calar a desarmonia do dia após,

não dormir,

assim,

não dormir até que a alma
esteja limpa
do fim das coisas havidas.

m.f.s.

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