Vou ver-te velada por uma névoa de saliva
em maio, na babugem, reconheço-te o halo,
as pernas turvas no aterro de cinza que assinala
um lábio fito, a baba que não cura,
ínsuas maceradas de pele gasta
O novelo dos veleiros que apanhavas à saída
tecendo também o molhe, as velas pandas passando ao largo
de uma praia de paredes apertadas, tábua solta
que batia no coalho, o coração
Invadiram-te, na tarde tão fria, os telhados de vidro,
a última chama fosca ateia a baba
por um sol submerso,
permite que eu corte a corda
à vela recolhida sobre os rombos
Luís Manuel Gaspar
Aguaçais
Pandora
Averno | 004
josé gomes ferreira / heróicas
-
XIX
Ouve, primavera: não te atrevas
a sair das rosas para o mundo.
Não venhas arrepender de beleza fácil
este meu instinto
– tão contra mim –
de morr...
Há 20 horas
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