sexta-feira, fevereiro 16, 2007

enrosco-me por dentro
para apertar o espaço
torná-lo intransponível
inabitável
espanto o sono que me pesa
nos olhos

que me arrasta para o
mar avermelhado das
profundidades oníricas
que me nubla a lucidez
me automatiza
em dormência paralizante

me fecha as aberturas
as frinchas
as passagens para
outras nuvens
neste leito de alecrim
em que rescendem as
derradeiras aragens

onde os pássaros endoidados
rasam as cabeças dos voláteis anjos
das planícies mornas
de um qualquer planeta

onde o desenho da paisagem em procela
rasgada
de vidros em rajadas de vozes
roucas
molhadas
se imprime nas pupilas


sempre lá
onde se espera a chamada final
para as dimensões límbicas
dos purgatórios incandescentes

fecho-me

2 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

"...espanto o sono que me pesa
nos olhos...
... em dormência paralizante..."


Este poema retrata-me bem,
nos meus fins de serão,
solitários,
no silêncio da casa,
quando caminho com movimentos automáticos e incertos,
meio inconsciente,
entre o sofá e a cama,
mas sentindo-me bem
neste crepúsculo da consciência.
Encantos das minhas noites...