segunda-feira, março 05, 2007

ícaro

o homem que deambula pelos corredores
das imposséveis naves dos seus desejos
encontra os estilhaços dos seus tormentos
nos labirintos da sua consciência

torna-se no imprudente ícaro surdo aos
avisos da experiência
às fatalidades da matéria

sobe aos céus ainda não ressuscitado
oscilante vulto contra o azul do éter
desfeitas as perecíveis asas em pesadas
gotas que se solidificam nas águas
dos mares antigos

os dédalos são impotentes para o resgate
do sangue do seu sangue

cada ícaro tem apenas o seu par de asas

m.f.s.

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