sexta-feira, maio 25, 2007

filme

as portas levam às veredas
que conduzem a solaris

as águas são permanentes
como em tarkovski

nas montanhas com nuvens pousadas
os animais ainda vivos

correm sem destino

as pedras que saltam dos seus ninhos
sob os cascos assustados
esmagam os vermes desprevenidos

descem insectos zunidores
sobre o leito de ar denso
que cobre os campos

é vã a cortina que se desdobra
nas janelas impolutas

nada detem os invasores


após o almoço das crianças
as fisgas silvam gravilhas sobre os
jovens filhos de pássaro

riachos neblinas cães negros

tarkovski estende o olhar
sobre as aves que saem do
ventre da virgem da fertilidade

os morcegos fogem do filme
agarram-se às silhuetas dos emparedados

garras translúcidas de felinos corredores
abrem rasgaduras nas peles protegidas
das suas refeições perseguidas

e a água gela cria um vidro embaciado
fende-se de vez em quando

m.f.s.

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