num planeta com mulheres por dentro
correm lobos enfastiados
punhais lavram as terras secas do
futuro
fala-se baixinho para não
inquietar as linhas enroladas
à volta dos punhos indefesos
para não romper as cegueiras que
a luz provoca nos sapientes
para não escutar as ameaças dos
desprevenidos
não ver o cortar dos gestos
não adivinhar contornos nas
sombras
viver em eterna imobilidade
respirar poemas nunca escritos
abandonar as vitrines
apagar-lhes os reflexos
arder docemente
em piras inquisitoriais
viver faz-de-conta
m.f.s.
josé afonso / que amor não me engana
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Que amor não me engana
Com a sua brandura
Se da antiga chama
Mal vive a amargura
Duma mancha negra
Duma pedra fria
Que amor não se entrega
Na noit...
Há 18 horas
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