os círios pranteiam as preces jamais escutadas
nos labirintos dos céus deslavados
nos limbos surdos da terceira via
nos infernos gelados das mortes sem fim
os círios queimam todos os desejos
todas as dores
todas as ânsias
ironizam sobre as cabeças
vergadas ao som dos órgãos
das catedrais ocas de deuses
os círios perfumam de desalentos
os horizontes em anil
lançam fumos ondulantes
quais volúveis serpentes
deixam-se consumir ardentemente
são pagos para iludir os desalentados
os que ainda seduzem ícones esfíngicos
aqueles que se misturam nos odores
das multidões em procissão
os círios são elegantes e pálidos
ceptros hieráticos
mfs
josé afonso / que amor não me engana
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Que amor não me engana
Com a sua brandura
Se da antiga chama
Mal vive a amargura
Duma mancha negra
Duma pedra fria
Que amor não se entrega
Na noit...
Há 10 horas
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