TRATEM-ME COM A MASSA
"Amparai-me com perfumes, confortai-me com maçãs
que estou ferida de amor..."
Cântico dos Cânticos
Tratem-me com a massa
de que são feitos os óleos
p'ra que descanse, oh mães
Tragam as vossas mãos, oh mães,
untadas de esquecimento
E deixem que elas deslizem
pelo corpo, devagar
Dói muito, oh mães
É de mim que vem o grito.
Aspirei o cheiro da canela
e não morri, oh mães.
Escorreu-me pelos lábios o sangue do mirangolo
e não morri, oh mães.
De lábios gretados não morri
Encostei à casca rugosa do baobabe
a fina pele do meu peito
dessas feridas fundas não morri, oh mães.
Venham, oh mães, amparar-me nesta hora
Morro porque estou ferida de amor.
Ana Paula Ribeiro Tavares
(in «O Lago da Lua»)
ruy belo / desencanto dos dias
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Não era afinal isto que esperávamos
não era este o dia
Que movimentos nos consente?
Ah ninguém sabe
como ainda és possível poesia
neste país onde nunca...
Há 14 horas
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