domingo, novembro 25, 2007

1.ª carta

esta é uma carta de mim que
não conheces
para ti que não existes
e que conheço
um pouco

queria dar-te notícias vagas
da minha sombra esquiva
perdida nos vales das montanhas
de neve azul

sombra que teima em me perseguir

sobre ela posso dizer-te que
às vezes se confunde contigo
tornando-se mais etérea
mais diluída nos átomos
das vias cinzentas

nos dias sem chuva espero
que surjas à porta
da minha cabana citadina
com uma flor de luz
ao peito
uma pulseira de pérolas
para o meu frágil pulso
de mulher evanescente

e um traço vermelho
na tua sombra

espero que se conjuguem todos
os fados
para que te transformes
naquele que nunca existiu

desejo
que me imagines como sou
e me dês vida

agora vou viajar
por sendas de céus trovejantes
mas em breve aqui me terás
para construir mais uma dimensão
de ti
que não existes

mfs

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito gosto eu de ti...