domingo, dezembro 21, 2008

escrito

os homens não fazem a barba desde o luto
e sobre os cabelos emaranhados depositaram cinzas
constroem armadilhas para as aranhas fugidas dos ninhos

bebem águas tintas de desgostos
enrolam lenços diáfanos nos pescoços
cintos sem fivelas de vidros resplandescentes
sobre as ancas

os homens ainda não sabem chorar
e as teias dos inimigos enlaçam-lhes os tornozelos
recolhem nas mãos arroxeadas
o ar que lhes sai dos pulmões cansados

esquecem as aranhas e as teias
as cinzas os desgostos as fivelas
fecham os olhos amarelecidos pelo olvido

os homens
ainda
não sabem
chorar

mfs

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